quarta-feira, 27 de abril de 2011

Tipos existentes de TDAH

Segundo Russel Barkley (2002), o TDAH pode ser classificado em quatro modalidades, com ou sem comorbidades, cada um dos quais requerendo tratamento adequado, como segue:
Russel Barkley

TDAH do tipo predominante desatento - se resume em falta de atenção sustentada, distração. Geralmente são crianças dóceis, fáceis de lidar, porém com dificuldades de aprendizagem desde o início de sua vida escolar, pois sua falta de atenção sustentada não permite que elas mostrem seu potencial;

TDAH do tipo Hiperativo/Impulsivo -não apresentam dificuldade de aprendizagem nos primeiros anos de vida escolar, podendo, no entanto, aparecerem por volta da 5ª série ou mesmo posteriormente, com evolução do grau. Essas crianças podem desenvolver um padrão de comportamento disfuncional, tumultuando as aulas. Podem apresentar comportamentos de resistência à frustração, podem ser imediatistas e demonstrar dificuldades em seguir regras, o que acaba fazendo com que apresentem altas taxas de impopularidade e de rejeição pelos colegas;

Segundo Russel Barkley (2002), o TDAH pode ser classificado em quatro modalidades, com ou sem comorbidades, cada um dos quais requerendo tratamento adequado, como segue:


TDAH do tipo combinado - caracteriza-se pela falta de atenção sustentada, hiperatividade e impulsividade. Acarreta um maior prejuízo no funcionamento global e, quando comparado aos outros dois tipos, é o que apresenta maior número de comorbidades;

TDAH do tipo inespecífico - verificado quando não há um número de sintomas suficiente para uma classificação em qualquer dos tipos antes descritos, sendo que um ou vários dos sintomas de cada um deles estão presentes, e prejudicam o desempenho escolar, familiar e profissional do paciente. O critério, aqui, é mais dimensional do que quantitativo.
Eliminar qualquer observação negativa a respeito da criança

Para evitar que a auto - estima da criança seja prejudicada é importante que o professor aumente a frequência de reforços positivos, ele poderá pontuar para a criança, para a família e para a escola os avanços dela, os pontos nos quais ela se destaca e assim aumentar a confiança que todos terão nela.

A perspectiva de que o comportamento deve ser compreendido em relação ao contexto onde ocorre, e que seus determinantes e mantenedores dependem da relação estabelecida com o meio, o comportamento dos pais em relação ao problema da criança é fundamental. Entretanto, a orientação dos pais é um componente frequentemente incluído no atendimento de portadores do TDAH. As intervenções baseadas na família são consideradas eficientes para auxiliar inclusive no manejo de problemas associados ao TDAH, como depressão e ansiedade.

A comunicação com o portador de TDAH deve ser clara, franca e direta. Além da importância da comunicação, da estrutura familiar e do respeito ao tempo de cada criança neste processo de aprendizagem.

O ensino de habilidades deve priorizar como meta, um comportamento específico por vez. Assim que uma meta tiver sido atingida, outra será priorizada, e assim por diante.

Ao estabelecer um comportamento como meta, é importante organizar tudo de modo a assegurar que a criança tenha uma boa chance de conseguir realizar o que está sendo exigido dela. Ao obter êxito em uma tarefa, a criança sente-se reforçada e competente para continuar tentando. Os progressos devem ser apontados e reforçados, estimulando assim a criança a continuar.

Embora pareça evidente, nem sempre está claro para a criança porque determinado comportamento é esperado dela.
3.6 Ajudar com as Tarefas e Estudo em Casa

Complementando Paulo Mattos (2001) que diz que a criança deve ser estimulada a realizar as tarefas escolares e a estudar em casa. A família pode desempenhar importante papel neste sentido, esclarecendo sobre as consequências de estudar ou não, despertando o interesse e tornando o estudo compatível com as metas da própria criança. Além disso, é importante não cobrar resultados, mas sim desempenho.

Edna Maria Marturano (1999) também conta que quanto mais nova a criança, maior a necessidade de supervisão de suas atividades. Pesquisas afirmam que o progresso na aprendizagem escolar está relacionado à supervisão e à organização das rotinas do lar. Supervisionar inclui verificar se a criança está cumprindo os horários da rotina e orientá-la na execução das tarefas. A criança não pode se sentir abandonada. Embora necessite que o adulto a oriente, é inaceitável que os adultos façam as atividades por ela. Quando os pais fazem os deveres escolares de seus filhos, estes geralmente se sentem incapazes.

3.7 Organizar a rotina

De acordo com Hübner e Marinotti (2000) a rotina se refere aos horários definidos para a realização das diversas atividades que a criança deve cumprir a cada dia. Sua organização supõe a distribuição dos horários para os estudos. Assim, é importante que os horários estejam claramente estabelecidos: hora de ir à escola, de comer, de estudar em casa, de realizar atividades como brincar e assistir à TV etc. A agenda diária e semanal deve estar sempre disponível para ser consultada pela criança: um cartaz grande e colorido em geral é uma boa estratégia.

Os pais devem consultar a criança e, se necessário, os professores, para obter informações sobre as atividades, sua freqüência e duração. Somente com dados claros e precisos poderão compor uma rotina adequada e possível de ser cumprida sem estresse. Os finais de semana também devem ser incluídos na agenda, tomando-se o cuidado para que haja períodos longos em que a criança possa ter liberdade para escolher que atividade realizar.

Uma questão relevante na definição dos horários é que os pais demonstrem que os estudos são uma das atividades prioritárias e o tempo para tal condição deve ser respeitado. A realização das atividades escolares deve vir sempre em primeiro lugar para evitar que a criança a adie para quando estiver cansada. Entretanto, os pais devem permitir que a criança também faça o que gosta (brincar, divertir-se com o computador, praticar esporte etc.), mas tais atividades devem ser deixadas para depois da realização das tarefas escolares (a questão dos direitos e deveres).

Todos os familiares que moram na mesma casa devem se envolver e seguir a rotina favorável para criança: não assistir televisão enquanto a criança estuda; ter horários combinados para estudo, etc.

Problemas de desempenho ou de comportamento na escola são uma das causas mais comuns de estresse para pais e filhos. Em geral, o nível de estresse é diretamente proporcional à frequência de cobranças de intervenção feitas pela escola, ao tipo de acusações, assim como ao acesso ou não a informações concedidas aos pais sobre como proceder. Algumas consequências desse quadro são a esquiva em ir à escola e em envolver-se nas atividades escolares dos filhos.

Segundo Hübner e Marinotti (2000), sem orientação adequada e com pouco tempo, alguns pais acabam usando de práticas coercivas (agressões físicas e castigos) para tentar mudar o comportamento da criança em relação aos estudos. Essas dificuldades, aliadas à baixa frequência de comportamentos infantis reforçados (já que a probabilidade de comportamentos adequados nessa situação pode ser baixa), podem gerar comportamentos infantis de fuga da situação. As crianças, portanto, podem se recusar a ir à escola, podem mentir dizendo que não têm tarefa de casa etc. Os pais, então, tendem a castigá-las por seu comportamento e um novo ciclo se inicia. Nesses casos, as autoras afirmam que mudanças em contingências familiares e suporte pedagógico podem ser necessários.

As crianças aprendem muito rapidamente observando os adultos. Se os pais estabelecem também uma rotina para si, e a cumprem, poderão ajudar seus filhos servindo como modelo de responsabilidade e autocontrole. Além disso, crianças que vêem seus pais lendo ou realizando atividades similares às atividades escolares (ler, escrever, estudar etc.) aprendem que essas são valorizadas pela família e passam a valorizá-las também.

Uma agenda sobrecarregada de atividades é uma condição que dificulta o estabelecimento de uma rotina infantil saudável. Atividades como aula de dança, de inglês, de música, devem ser motivadoras para a criança e não uma carga imposta. Para tanto, os pais devem envolvê-la na escolha de atividades opcionais, incentivá-la e devem participar e respeitar suas escolhas. A criança tem o direito de poder errar ao fazer sua opção, pois o momento de errar é esse; assim ela poderá descobrir o que mais gosta de fazer.

3.8 Proteger e incentivar a independência

Esse não é um limite fácil de ser estabelecido. Há pais que persistem no controle e nas ordens, mesmo quando os filhos já demonstram habilidade para tomar iniciativa para o estudo. Uma opção é ensinar à criança o processo para chegar às respostas. Pais não precisam ser um poço de conhecimento, mas um modelo de responsabilidade (Hübner, 1999).

Dessa forma, é importante aprender a observar a criança, avaliar suas capacidades, suas preferências e seu ritmo, que devem, na medida do possível, ser respeitados. Os pais devem avaliar que atividades são realmente importantes para a criança a fim de organizarem uma agenda que a deixe realmente feliz, sem excessos de obrigações não condizentes com sua idade e interesses.

3.9 Promover um ambiente adequado para estudar

Hübner (1999) explicita que é necessário dispor um ambiente adequado para o estudo, possibilitando um espaço físico sem distrações, com pouco ruído, arejado, iluminado e organizado. Deixar acessível o material necessário para a realização das tarefas escolares, além de demonstrar disponibilidade para consulta ou para pedidos de ajuda em caso de dúvidas. É importante que a harmonia e a tranqüilidade também estejam presentes. Um ambiente caótico não promove a educação.

Para Hübner quando os pais respondem a esses requisitos com boa vontade, criam um ambiente que ajuda a criança a perceber que as tarefas escolares devem ser cumpridas e que o estudo é valorizado.

3.10 Estabelecer interações positivas

O uso de sistemas coercitivos de controle como castigos, retiradas de privilégios, broncas, sermões e humilhação não contribuem para que a criança passe a apresentar um comportamento adequado (por exemplo, ser responsável, realizar as tarefas escolares etc.). Além disso, castigos relacionados a questões escolares contribuem, a médio prazo, para produzir falta de interesse por assuntos da escola (não querer fazer o dever de casa, simular doenças para não ir à escola, não prestar atenção no que está sendo ensinado etc.).

Dessa forma, os pais devem estabelecer condições que propiciem comportamentos considerados relevantes para a educação de seus filhos. A criança não nasce responsável, mas aprende a se comportar responsavelmente.

Hübner (1999) reforça que elogios sinceros, imediatos e contextuais relacionados às respostas da criança aumentam a probabilidade do comportamento de estudar. Portanto, os pais devem elogiar sempre o empenho em qualquer atividade. Qualquer criança precisa de palavras de afirmação e de encorajamento por seu envolvimento nas tarefas.

3.11 Demonstrar afeto

Para Maria Luiza Marinho (2001) a criança precisa sentir que é amada na vitória e na derrota com a mesma intensidade.

Atualmente, fala-se muito em afeto, mas valoriza-se o desempenho (produção e competência). A disciplina e o estabelecimento de limites e de regras só são efetivos quando os pais demonstram amor pelos filhos. Tal demonstração deve ser feita através da organização de um tempo para desenvolver atividades com eles e expressar seu amor por eles, através de atos e palavras. As atividades escolares podem ser uma oportunidade para a demonstração de afeto a que se acrescenta a conscientização da necessidade de trabalhar aspectos cognitivos, afetivos, sociais e físicos. Atualmente, sabe-se que para o desenvolvimento cognitivo é necessário que as demais áreas também se desenvolvam.

3.12 Promover diálogo

Os pais devem estar disponíveis para que a criança tenha liberdade e vontade de procurá-los para conversar e esclarecer dúvidas. Cuidado para que esses momentos não se transformem em monólogos em que os pais apenas questionam, pois isso desestimula a criança. Os pais devem aproveitar esses momentos para também se expressar, contar sobre sua rotina e sua vida, e devem considerar apenas os assuntos de interesse e de capacidade de compreensão da criança. Assuntos de adultos devem ser discutidos com adultos.

3.13 Apresentar nível de exigência compatível com o desempenho da criança

Qualquer pai bem intencionado fica ansioso para que o filho tenha um bom desempenho na escola e cumpra suas expectativas. Altos níveis de exigência podem gerar um grau elevado de frustração e um índice maior de desistência e de perda de interesse. Não se deve pensar só em resultados numéricos, mas em auto-estima, em autoconfiança, em relacionamento interpessoal, em capacidade de relaxar, em momentos para brincar. Se os pais não souberem valorizar essas situações, não saberão como incentivar os filhos.

3.14 Incentivar o brincar

O autor Bomtempo (1997) enfatiza que o dia-a-dia da criança não deve ser transformado num fazer contínuo. Deve haver períodos para brincar livremente e espaço para descontrair e relaxar. O brincar também favorece o bom desempenho escolar (aquisição de habilidades), melhora a concentração e a autoconfiança. A criança que brinca tem menos problemas educacionais e emocionais.

3.15 Ser exemplo no envolvimento com as atividades e interessar-se pela vida do filho

Os pais devem demonstrar interesse pelas atividades da criança não apenas quando as coisas não dão certo (notas baixas, brigas com os colegas, isolamento etc.).

Os exemplos mais eficazes são apresentados através de atos e não de palavras. Os pais podem instruir como modelos.

Skinner (1991) comenta que dizer e mostrar são maneiras de incitar comportamentos, de levar as pessoas a se comportarem de uma dada maneira pela primeira vez, e de modo que se possa reforçar-lhes o comportamento. Comenta que a modelação (aprendizagem através da observação do comportamento de um modelo) é uma forma de ensino e a permanência de seu efeito depende do reforço. Quando ocorrem conseqüências reforçadoras, nós aprendemos.

Para incentivar a leitura, até descobrir o que o filho gosta de ler, pais podem, inicialmente, escolher livros que eles próprios apreciavam quando crianças. O hábito de ler pode ser facilitado com a escolha de um momento, a cada dia, para a leitura conjunta de um livro. Os pais devem demonstrar seu entusiasmo durante a atividade porque a criança vai observar sua atitude na atividade. Deve-se solicitar que a criança também escolha suas leituras e as faça para os pais.

3.16 Estabelecer limites

Crianças devem ser ensinadas a conviver em sociedade e necessitam de normas de conduta claras. Não permitam os pais que elas ditem as regras da casa. Quando têm um tempo disponível para o filho e são afetuosos, os pais têm maior probabilidade de se sentirem seguros e tranqüilos para delimitar tais regras. A criança sem parâmetros fica desafiando os adultos até conseguir ouvir um basta de pais já irritados e exaustos. Nessa situação, os pais tendem a ser muito mais punitivos e severos. A autoridade deve ser exercida sem autoritarismo e a última palavra deve ser sempre dos pais.

Devem, também, ser respeitados os limites físicos, intelectuais, sociais e emocionais da criança. A prática de atividades extracurriculares pode dar oportunidade ao indivíduo de se sentir competente e valorizado e tal condição pode-se generalizar para a escola. A criança que se sente mais competente melhora seu autoconceito e sua auto-estima.

È importante ressaltar que sendo portadora de transtornos, ou não, toda criança necessita de limites.

4. LIMITES O QUE É ISSO?

Na educação, o conceito de limite está interligado às questões sociais, políticas e econômicas do país. E assim como esses fatores sociais encontram-se em mudanças constantes, o conceito de limites também sofre alterações.

O psicólogo Yves de La Taille (1996, p. 7) entende que:

"Limite" é uma palavra que tem voltado à tona ultimamente. É empregada com freqüência de forma queixosa: "Essas crianças não tem limites!", ou então, com um quê de autoritarismo "É preciso impor limites!" ou ainda como crítica à família do vizinho ou dos alunos; "Esses pais não colocam limites!". A obediência, o respeito, a disciplina, a retidão moral, a cidadania, enfim, tudo parece estar associado a essa metáfora.

A falta de limites é um assunto recorrente na atualidade. (TAILLE, 2003). Para vivermos em sociedade são necessárias restrições, limites, fronteiras, normas – importantes para a vida em sociedade, para o bem-estar social e o desenvolvimento da humanidade. Há nas sociedades limites normativos, que todo cidadão deve seguir, que nos remetem à dimensão do proibido. A física permite ouvirmos música alta de madrugada, mas a lei não permite, há uma norma social que todos os cidadãos devem seguir. (TAILLE, 2003) "Os limites físicos colocam a dimensão do impossível, e os normativos colocam a dimensão do proibido".(p.52)

A colocação de limites faz parte da educação de uma criança, do processo civilizador, uma vez que ela convive com outras pessoas, dentro de uma sociedade. É notável a existência de crianças e jovens carentes de limites na contemporaneidade. Facilmente assistimos a falta de respeito com o outro, uma falta de limite no convívio com os demais, e desrespeito a todo tipo de regras, incluindo as simples – como uma fila, por exemplo. (TAILLE, 2003).

Expondo seu pensar sobre os limites restritivos, La Taille enfatiza que estes são importantes se pensados no bem-estar do indivíduo e dos membros que fazem parte da sociedade que está inserido. Os limites restritivos são conhecidos como o famoso NÃO, esses devem ser respeitados e não devem ser ultrapassados. Nos limites restritivos encontraremos os limites físicos e normativos.

Não encontraremos muitas resistências quanto aos limites físicos, geralmente, são aceitos com facilidade, pois são concretos, objetivos, evidentes. Os limites restritivos colocam a dimensão do que não é possível de ser realizado. "O homem não tem asas e não pode voar, não tem força bastante para, com as mãos nuas lutar com um tigre ou levantar toneladas, não pode correr além de uma determinada velocidade, não pode sobreviver sem comer e beber, etc." (TAILLE, 1996, p.51)

Os limites normativos, são mais difíceis de serem cumpridos, são normas que colocam a noção do proibido colocados pela sociedade. Neste caso a liberdade torna-se restrita em nome dos valores. "Não posso pular de 10 metros de altura: conformo-me a esse limite porque sei que nada posso fazer contra ele. Não posso ouvir música no mais alto volume em plena madrugada: mas por que não posso? As leis físicas me permitem fazê-lo; as leis dos homens não". (TAILLE, 1996, p.52)

Tania Zagury (1996),em seu livro "Sem padecer no paraíso", afirma que quando se educa deve-se assumir a responsabilidade de estabelecer limites, e, muitas vezes ocorre uma grande dificuldade pela ausência de um sistema único e acabado de valores.

"Sentir limites é para criança uma questão de segurança – uma necessidade básica. Não estabelecer limites é uma opção que um pai pode fazer. Mas é importante que, se o dizer, o faça sabendo que, ao contrário do que possa parecer, é também através dos limites que a criança percebe que alguém se preocupa com ela e a protege. O limite faz com que ela perceba também que esse alguém é um alguém forte, que sabe e tem segurança do que faz. Além disso, se nos mostramos inteiro, com direitos, também nos revelam aos nossos filhos como seres humanos, exatamente como lhes mostraram que eles são. Somente com direitos e deveres de ambas as partes é que se poderá construir uma relação equilibrada, saudável e democrática." (ZAGURY,1996, p.31)

Segundo a autora, o próprio papel da escola já envolve a questão dos limites, dos valores e da cidadania, o que pode reforçar o trabalho da família.

Para isso, a escola deve revitalizar a confiança da família no seu papel de formadora, trazendo-a cada vez mais para dentro da instituição, mostrando a importância de se trabalhar em equipe.

Para o psicólogo La Taille, o que se verifica é a constante delegação de responsabilidade a outrem — da família para a escola e vive-versa — e também a constante acusação mútua de incompetência ou desleixo. Muitos professores acusam os pais de não darem, por exemplo, limites a seus filhos, e muitos pais acusam a escola de não ter autoridade e de não impor a disciplina.

Para ele, não é possível estabelecer hierarquia. Ambas as instituições são fundamentais para a educação moral e a formação ética. Logo, devem trabalhar em cooperação, completando-se mutuamente.

La Taille em seu livro Limites: Três Dimensões Educacionais, sugere a retomada da discussão do "contrato social" entre os indivíduos nos projetos educacionais como forma de melhorar as relações da comunidade.

O autor afirma que a melhor, para não dizer a única, forma de ter sucesso na educação moral, na formação ética e na pacificação das relações é, no seio da escola, trabalhar a qualidade do convívio social entre seus membros (professores, alunos, funcionários e pais). Logo, em vez de limitar-se a impor inúmeras regras, é melhor a escola deixar claro, para todos, os princípios que inspiram a convivência social. A elaboração de regras — que pode ser feita pela comunidade como um todo — será derivada da apreciação desses princípios. Eis o que se pode chamar de discussão do "contrato social".

A moral trata de limites no sentido restritivo (deveres). A ética, por remeter a projetos de vida, trata dos limites no sentido da superação, do crescimento, da busca de excelência. Ora, se há excesso de limites, em breve, se a sociedade, em vez de estimular o crescimento, valorizar a busca de uma vida que não vá além do mero consumo e que se contente com o aqui-agora, com a mediocridade, ela vai prejudicar a perspectiva ética e, conseqüentemente, a perspectiva moral. Uma pessoa somente agirá moralmente se vir, nesse tipo de ação, a tradução de uma vida que vale a pena ser vivida. Como a moral impõe restrições à liberdade, uma pessoa somente vai aceitar tais restrições se fizerem sentido num projeto de vida coletivo e elevado.

Ambos os autores, La Taille e Zagury colocam que hoje em dia, pais e educadores, sentem dificuldades para estabelecer limites causados pelo medo de parecer "autoritário".

Nesse sentido, Taille expressa queó medo de ser autoritário é um sentimento importante. Mas que é importante definir o que se entende por autoritarismo: é impor regras injustas, arbitrárias. É impor regras — mesmo que boas — negando à pessoa que deve obedecê-las a possibilidade de compreender sua origem e sentido. Exercer autoridade é outra coisa. Para tanto, as regras colocadas devem ser justas e devem também ser explicadas. Um bom exemplo de relação com autoridade é a relação que temos com um médico: seguimos suas prescrições porque o consideramos como representante de um conhecimento legítimo, inteligível (por mais difícil que seja) e que pode nos fazer algum bem. A relação de autoridade, seja na família, seja na sala de aula, deve seguir essa mesma lógica: os pais ou os professores devem ser reconhecidos como pessoas que detêm conhecimentos legítimos e necessários ao pleno desenvolvimento das novas gerações. Assim sendo, é claro que a moral (o respeito pelo outro) e projetos éticos de crescimento pessoal e social correspondem a valores preciosos para a vida. A criança começará a pensar neles referenciada em figuras de autoridade e, quando conquistar a autonomia, vai se libertar da referência à autoridade certamente com gratidão.

A psicóloga Tania Zagury (1996, p.28) diz que:

"Em outras palavras, quanto mais nos mostramos inseguros, quanto mais dermos motivos para que nossos filhos nos vejam como pessoas que realmente não acreditam no que fazem, mais eles terão necessidade de agir de forma a investigar este tipo de suspeita, porque somos nós que lhe damos segurança e, portanto, se eles nos vêem como pessoas inseguras, eles também se tornam inseguros."

Dar liberdade aos filhos com responsabilidade é o caminho que Taille (2003) considera melhor – como o exemplo da mesada dada aos filhos. O autor acha importante marcar os limites, mostrando aos filhos que suas decisões e escolhas têm conseqüências. O senso de responsabilidade que a criança adquire a partir do senso de segurança que desenvolve na relação com os pais é a base de todo ser humano.

Fonte: http://www.webartigos.com/articles/27424/1/Hiperatividade-ou-Falta-de-Limites/pagina1.html#ixzz1KmM3wArF

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