quarta-feira, 27 de abril de 2011

Qual a relação entre tipos de alimentos e TDAH

CORANTES ARTIFICIAIS NOS ALIMENTOS

No dia 11 de abril de 2008, o jornal “O Globo” publicou uma notícia de que a Agência de Alimentos do Reino Unido (FSA) proibiu o uso de 6 corantes artificiais em alimentos, devido as evidências que apontam sua associação com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Sabemos que os químicos industriais têm prejudicado o desenvolvimento cerebral de crianças de todo o mundo. Fetos e crianças precocemente expostos aos químicos industriais podem apresentar danos no desenvolvimento cerebral, além de desordens como autismo, transtorno de déficit de atenção e retardo mental, sendo que a exposição a estes químicos durante o desenvolvimento fetal pode causar danos ao cérebro com doses muito mais baixas que no cérebro do adulto.

Os efeitos tóxicos de tais aditivos químicos no desenvolvimento do cérebro humano não são conhecidos. Os dois impedimentos principais na prevenção de desordens no desenvolvimento nervoso são: as grandes lacunas de provas para o desenvolvimento de intoxicação do sistema nervoso e o alto nível de prova necessária para regulamento.

Estratégias que reconheçam a vulnerabilidade do cérebro são necessárias para testar e controlar o uso de aditivos químicos, e nesse aspecto as autoridades européias saíram na frente proibindo o uso de 6 aditivos químicos em alimentos destinados à crianças, como a tartazina (E102), amarelo quinolina (E104), amarelo pôr-do-sol (E110), carmoisina (E122), Ponceau 4R (E124) e vermelho allura AC (E129). Outro aditivo que também foi associado a malefícios como a hiperatividade foi o benzoato de sódio (E211), um conservante que ainda não sofreu restrições de uso.

Então, temos que ficar de olho nos rótulos dos produtos para evitar ao máximo o excesso do consumo de alimentos industrializados repletos de aditivos químicos enquanto não temos legislações brasileiras que proíbam a adição destas substâncias. Uma dica é olhar os ingredientes dos produtos alimentícios, se tiver muitos nomes “desconhecidos” por lá, é um bom indício que este alimento esteja repleto de aditivos químicos, dentre eles os corantes.

Com isso, as indústrias alimentares têm direcionado o interesse para o uso dos corantes naturais, de origem vegetal, que não causam efeitos tóxicos em nosso organismo: muito pelo contrário, eles contêm compostos bioativos que podem exercer diversos efeitos benéficos em nosso organismo. Dentre eles, podemos destacar a curcumina, extraída da cúrcuma, conferindo cor alaranjada aos alimentos e com atividade antiinflamatória; o licopeno do tomate, goiaba e melancia, que confere coloração vermelha, e atua também como importante antioxidante; as antocianinas, encontradas na uva, frutas vermelhas e na berinjela, que além de conferirem a coloração azul-avermelhada aos alimentos, apresentam potente atividade antioxidante; além das clorofilas, que são pigmentos verdes muito comuns em legumes e em várias frutas.

Portanto, devemos buscar uma alimentação mais natural, rica em frutas, verduras e legumes, pois, desta forma, além de evitarmos excessos de aditivos, ingerimos vitaminas, minerais e compostos bioativos que irão auxiliar na eliminação dos aditivos que consumimos em outros alimentos.



Intervenção dietética é eficaz no tratamento do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade

Pesquisadores holandeses publicaram na revista “The Lancet” um estudo que observou efeitos benéficos do tratamento nutricional, através da ingestão de alimentos hipoalérgicos em crianças com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).

O objetivo primário do estudo foi investigar o impacto do tratamento nutricional, através da restrição de alimentos e compostos que influenciam no TDAH, como aditivos alimentares, corantes artificiais e aromatizantes, emulsificantes, nitratos e sulfitos, entre outros. Já o objetivo secundário foi analisar o papel da alergia alimentar na indução do transtorno.

A dieta de eliminação foi baseada segundo a proposta de Hill e Taylor (2001) que consiste em número limitado de alimentos hipoalergênicos, como o arroz, peru, cordeiro, legumes e verduras (alface, cenoura, couve-flor, repolho e beterraba), pêras e água. Todos os outros alimentos foram proibidos, sendo os demais legumes, frutas e carnes permitidos apenas sob supervisão. O cálcio foi fornecido diariamente através de bebidas não lácteas com adição de cálcio. O objetivo foi de propor uma dieta de eliminação tão abrangente quanto possível para cada criança, a fim de tornar a intervenção mais viável.

As crianças que apresentaram melhorias clínicas quando submetidas à dieta de restrição (melhora de pelo menos 40% na escala de classificação da doença) prosseguiram para a segunda fase do estudo. Os alimentos que estimulam a síntese de IgG (imunoglobulina G) e alimentos que não estimulam IgG (classificados em de acordo com a resposta individual da criança, através de testes no sangue), foram adicionados à dieta para avaliar o efeito da hipersensibilidade alimentar mediada por IgG (ativada principalmente na presença de antígenos e toxinas).

Entre o início e o final da primeira fase, o grupo da dieta de eliminação melhorou em 23,7% o escore para classificação do TDAH em relação ao grupo controle (p < 0,0001). A pontuação total das crianças submetidas à dieta de eliminação que continuaram até o final da segunda fase diminuiu em 20,8% (p <0,0001), em relação ao grupo controle, em que a pontuação foi aumentada de acordo com os sintomas da doença.

No entanto, na segunda fase, em que as crianças foram avaliadas de acordo com a ingestão de alimentos capazes de ativar ou não IgG, a recidiva dos sintomas de TDAH ocorreu em 19 das 30 (63%) crianças, independente dos níveis de IgG no sangue.

“A dieta de eliminação rigorosamente supervisionada é um valioso instrumento para avaliar se o TDAH é induzido por alimentos. No entanto, a prescrição de dietas com base em exames de sangue IgG deve ser desencorajado, pois não houve diferença na recidiva dos sintomas entre os alimentos que aumentam ou não IgG no sangue”, comentam os pesquisadores.

“Portanto, nosso estudo mostra efeitos consideráveis de uma dieta de eliminação de alimentos envolvidos no desenvolvimento TDAH. Assim, postulamos que a intervenção nutricional deve ser considerada em todas as crianças com TDAH, desde que os pais estejam dispostos a seguir uma dieta restrita, e desde que seja feita sob supervisão de especialistas para evitar o desequilíbrio nutricional”, concluem.

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