terça-feira, 10 de maio de 2011

Obra de terminal gera revolta em Alcântara.



Moradores e comerciantes não querem perder praça. MP tenta embargar

A construção de um novo terminal rodoviário na Praça Carlos Gianelli, em Alcântara, está provocando polêmica. Moradores e comerciantes estão revoltados com o projeto, pois a praça que fica no local será destruída. O Ministério Público estadual (MP-RJ) tenta embargar a destruição da praça e o início da construção do prédio.

O projeto prevê duas praças suspensas, 70 lojas, serviços, áreas de lazer e acesso para cadeirantes e deficientes físicos e a nova área terá 8 mil metros quadrados. No total, serão investidos R$ 65 milhões para construção do complexo e a previsão de inauguração é agosto de 2012.

Mas apesar das aparentes melhorias que a Prefeitura anuncia para o local, os moradores e comerciantes não estão satisfeitos com o projeto. A empresa responsável pela obra, vencedora de licitação, já cercou a praça com tapumes e os pontos de ônibus que ficavam no local foram deslocados.

“É claro que nós queremos melhorias, mas não à custa da nossa praça. Por que em vez deles destruírem uma área de lazer que é do povo, eles não fazem uma reforma, como aconteceu em várias outras praças aqui da cidade? Se eles querem fazer um terminal rodoviário, que façam em um local independente, e deixem a praça onde está”, diz a comerciante Fátima Delaor, de 55 anos.

A construção do terminal também está causando transtorno aos comerciantes ambulantes, que tinham pontos na praça. A pipoqueira Larissa Santos, de 41 anos, trabalhava há 20 anos no local e diz que, além dos prejuízos que vem tendo desde que a praça foi cercada, teme que a licença que ela possui não possa ser usada nos arredores do complexo.

“Estou tendo prejuízos, porque os ônibus não estão passando por aqui. Estamos em uma situação horrível, o nosso ponto era lá dentro e agora não sabemos o que vai acontecer. Eu não tenho nada contra esse terminal, mas gostaria que eles deixassem a praça como estava”, revela.

A vendedora de seguros Denise dos Matos, de 33 anos, também não é a favor da substituição da praça pelo Complexo do Terminal e, para ela, o início das obras está sendo um transtorno.
“Eu acho que estava bom do jeito que estava. Acho essa obra desnecessária, os ônibus param longe e as pessoas têm que tomar cuidado para não serem atropeladas”, conta.

O vereador Ricardo Pericar (PDT) afirmou que acha “um absurdo a Prefeitura ter dado início às obras do complexo sem o aval da população”. Para ele, seria necessário que fosse realizada uma audiência pública, com a participação da população, dos comerciantes e dos vereadores, para que pudesse ser discutida a questão.

“Quando você elege um prefeito, você não está dando a cidade de presente, ele não pode fazer o que quer, sem consultar ninguém. Decisões assim, têm que passar pela população”, ressalta.

Na última segunda-feira, o MP-RJ ajuizou uma ação contra o Município de São Gonçalo e a empresa responsável pelo empreendimento, alegando a inconstitucionalidade da lei municipal que permitiu a exploração comercial e a construção de terminal rodoviário na Praça Carlos Gianelli.

Na ação, a 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo São Gonçalo apontava irregularidades na licitação e no contrato de concessão. Diante da iminência do início das obras, os promotores solicitaram à 4ª Vara Cível de São Gonçalo a suspensão imediata dos efeitos da lei e das obras.

A Prefeitura de São Gonçalo informou que o Centro do Alcântara vai passar por uma revitalização e, por isso, foi escolhido para receber o novo empreendimento “que vai gerar 500 empregos diretos e deve ficar pronto no fim de 2012”. Ainda segundo o Executivo, haverá um novo espaço de lazer, dentro do shopping. Em relação à ação movida pelo MP, a Prefeitura não se manifestou.

Fonte:
O FLUMINENSE
http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/cidades/obra-de-terminal-gera-revolta-em-alcantara

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